O pecado da idolatria
Idolatria é trocar Deus por outra coisa ou pessoa, é adorar a um falso deus.
Todas as pessoas de todas as religiões devem ser respeitadas, amadas e devem ter o direito de expressar suas crenças e opiniões. No entanto, não é em nome do amor que vamos deixar de dizer a verdade. Isto seria uma contradição.
A Bíblia fala do amor de Deus a toda a humanidade, independente de suas religiões (João 3.16). Contudo, ela fala também contra o pecado e contra as doutrinas erradas, mostrando que o caminho do erro leva ao inferno (Gálatas 5.19-21 e Apocalipse 22.15). Logo, devemos amar e também mostrar o erro. Devemos mostrá-lo polidamente, como é próprio do amor. No Velho Testamento, por exemplo, Deus fala contra aqueles que adoravam imagens de escultura e proibiu o seu próprio povo de fazê-las com o objetivo de se prostrarem diante delas (Êxodo 20:1-5; Isaías 40.18-20; Isaías 44.9-20; Isaías 45.20). Deus condenou também a invocação aos mortos(Deuteronômio 18.9-14).
O pecado da idolatria é um dos mais combatidos pelos profetas da Velha Aliança. Enquanto que os outros pecados, em geral, são ofensas contra Deus, a idolatria configura-se como abandono ao verdadeiro Deus.
Pensemos, por exemplo, em uma vida conjugal. Marido e mulher podem, eventualmente, se ofenderem e se magoarem e tudo pode ser resolvido na maioria das vezes. O adultério, porém, é uma ofensa totalmente distinta das outras, porque vai contra o vínculo matrimonial e afronta seus compromissos basilares. Logo, na vida conjugal, o adultério é o mais grave pecado. A Bíblia compara a idolatria com o adultério. O povo de Deus é muitas vezes mencionado como "esposa" do Senhor. Essa expressão foi usada no Velho Testamento em relação à nação de Israel, e, no Novo Testamento, referindo-se à igreja. Quando o povo de Deus vai atrás de outros deuses, isto é considerado uma traição, ou um tipo de adultério espiritual. (Ezequiel 16; Ezequiel 23; Oséias 1.2; Oséias 3.1; Jeremias 3; Tiago 4.4-5).
Essas praticas são alguns dos grandes erros doutrinários de vários segmentos religiosos. Sabemos que muitos dos santos adorados hoje foram, de fato, pessoas santas, servos de Deus, dignos de serem imitados. Porém, morreram, e não ressuscitaram. Quando alguém lhes dirige uma oração, está fazendo uma invocação aos mortos, o que Deus proibiu e condenou. Tais fiéis, pessoas sinceras e bem intencionadas, deveriam estar fazendo seus pedidos a Deus (Pai, Filho e Espírito Santo).
Jesus mesmo nos ensinou a orar direto ao "Pai nosso". Dizem que os santos intercedem pelos vivos. Mas, o que diz a Bíblia? Jesus é o único mediador entre Deus e os homens, conforme está escrito na primeira epístola de Paulo a Timóteo (2.5).
Isto, porque Jesus foi o único que morreu na cruz para nos salvar do inferno, tomando sobre si o castigo pelos nossos pecados. Jesus e o Espírito Santo são os únicos que intercedem por nós diretamente diante do Pai (Isaías 53.12 e Romanos 8.26). É verdade que as pessoas vivas intercedem umas pelas outras, mas os mortos não intercedem por ninguém. Está escrito que os mortos não tem parte alguma no que sucede debaixo do sol (Eclesiastes 9.5-6). Eles não participam, não vêem, não ouvem orações, não intercedem, nem interferem.
Logo, vemos a invocação aos santos como idolatria e politeísmo. O apóstolo Paulo, quando estava vivo, não admitiu que ninguém o adorasse nem se prostrasse diante dele (Atos 14.11-15). Se hoje ele pudesse falar a todos quantos o invocam e veneram como santo, talvez ele repetisse suas palavras do texto de Atos: "Por quê fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós!"
Quando o apóstolo João, inadvertidamente, se prostrou diante de um anjo, este o repreendeu dizendo : "Não faças tal coisa. Sou teu conservo .... Adora a Deus!" Só diante de Deus devemos nos prostrar. Somente a ele devemos dirigir nossas orações.
"Ao Senhor teu Deus adorarás e somente a ele darás culto." (Mateus 4.10). Devemos adorar ao Criador e não à criatura. (Romanos 1.21-25).
(Outras referências bíblicas sobre o tema : Jeremias 10.1-16 Ezequiel 22.3-4 Salmo 115.1-8).
A Conversão de Zaqueu
Passando por Jericó, Jesus foi seguido por uma grande multidão (Lc.19.1). Naquela cidade morava Zaqueu, chefe dos publicanos, que eram os coletores de impostos para o governo romano. Se um cobrador ou fiscal de tributos já é mal visto pelos contribuintes, quanto mais aqueles que recolhiam o dinheiro de seus concidadãos para entregá-lo ao dominador estrangeiro. Se um publicano já era rejeitado pela comunidade, quanto maior ódio se manifestava contra o chefe da coletoria.
Zaqueu queria ver Jesus, mas sua pequena estatura colocava-o em desvantagem diante da multidão. Mesmo saltando, talvez não conseguisse vê-lo. Se entrasse no meio do povo, corria o risco de ser pisoteado, principalmente sendo o “inimigo público número um”. Teve, então, a ótima idéia de correr na frente de todos e subir numa figueira brava.
Podemos comparar a estatura de Zaqueu às nossas limitações pessoais. Talvez tenhamos bons desejos, boas intenções, mas estamos limitados e impedidos de realizá-los. Muitos querem conhecer Jesus e servir a Deus, mas não estão à altura do padrão divino. Então, buscam recursos naturais ou humanos para superar seus próprios limites.
Zaqueu tinha uma alta posição pública, mas era fisicamente pequeno. Talvez sejamos grandes aos olhos das outras pessoas, mas intimamente sabemos quão pequenos somos, quão carentes e dependentes de Deus. Zaqueu tinha autoridade, riqueza e títulos, mas era falho em seu caráter.
Aquele homem não estava enfermo, endemoninhado, desempregado, nem tinha problema financeiro. Ele não se encontrava em nenhuma das situações que normalmente levam as pessoas a procurarem Jesus. Contudo, ele precisava ser salvo. Todos precisam de Cristo, não apenas para resolver problemas imediatos, físicos ou financeiros, mas o problema da alma, que é o pecado, a separação de Deus e a perdição eterna.
A árvore não resolveria o problema de Zaqueu. Ele veria Jesus apenas de longe. Não poderia tocá-lo, segui-lo, nem conversar com ele. Muitas pessoas imaginam que, por sua própria capacidade e esforço, possam conhecer Jesus ou agradá-lo. Quantos imaginam que a religiosidade ou as boas obras possam aproximá-los de Deus. De cima da árvore, Zaqueu viu Jesus, mas nada lhe restava a não ser observá-lo se afastando até desaparecer.
Entretanto, Jesus olhou para cima e viu aquele homem. Jesus está em busca do ser humano, mais do que nós possamos buscá-lo. O Mestre se importa e toma a iniciativa. Ele se mostrou interessado em se comunicar com Zaqueu. Ele não apenas viu o chefe dos publicanos, mas lhe dirigiu a palavra. Jesus o conhecia, sabia seu nome, e falou com ele, dizendo: “Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa”. Cristo superou todas as expectativas daquele homem, deixando-o surpreso e maravilhado. Assim ele faz conosco.
Zaqueu recebeu uma ordem de Jesus e obedeceu imediatamente. Ele tinha que descer daquela árvore e encarar a realidade. Ele podia parecer um homem alto, superior a todos, enquanto estivesse lá em cima, mas precisava descer e sentir-se pequeno novamente.
Quase ninguém estaria disposto a visitar um publicano. Seria como entrar na casa de um político corrupto. O visitante passa a ser suspeito também. Entretanto, Jesus rompeu as barreiras do preconceito ao se hospedar naquela casa. Ele não queria apenas um contato casual na rua, mas uma comunhão mais íntima no aconchego do lar. Jesus quer ser nosso amigo íntimo e não apenas que o encontremos no meio da multidão. Ele está em nossa casa ou só o encontramos nas reuniões públicas?
Jesus queria entrar na casa de Zaqueu, mas ele nunca o faria sem o devido consentimento. Então, Zaqueu o recebeu com alegria. Receber Jesus ou rejeitá-lo é uma decisão que cada pessoa deve tomar. Ele foi recebido, não apenas no lar, mas no coração daquele homem. Percebemos isso pelo regozijo daquele publicano.
Naquele momento, Zaqueu se converteu. Como sabemos disso? Por causa das suas decisões e das ações que executaria. Ele resolveu dar metade dos seus bens aos pobres e devolver quadruplicado o que havia extorquido. Houve mudança de mente, de valores, de propósito, de vida. Isto é arrependimento e conversão. O homem comum só pensa em receber. O convertido pensa em dar e em devolver o que pertence a outrem. Se alguém conhece Jesus, mas continua sendo desonesto, explorador do próximo, mentiroso, corrupto, então não houve conversão. Converter é mudar. Se não houve mudança de direção na vida, então a pessoa continua andando para o inferno, apesar de ter visto Jesus no meio do caminho. Jesus entrou na casa de Zaqueu e toda a sua família pôde conhecê-lo. Cristo quer alcançar as famílias, abençoar os lares e restaurar os casamentos. Disse então Jesus: “Hoje veio a salvação a esta casa, porquanto também este é filho de Abraão” (Lc.19.9).
Zaqueu era rejeitado e excluído pelo povo, mas Jesus o incluiu no seu plano de salvação, ao dizer: “também este”. Da mesma forma, Ele inclui e considera a cada um de nós como pessoas importantes diante do Pai celestial. Certamente, ninguém acreditava que Zaqueu pudesse se converter, mas Jesus acreditava. Ainda que todos nos rejeitem, Deus nos recebe. Ele acredita em nós e quer nos transformar em cidadãos do reino dos céus.
Zaqueu não merecia ver Jesus, muito menos ouvir a sua voz, receber a sua visita e ser salvo. Nenhum de nós merece as dádivas de Deus, mas ele no-las dá por sua infinita graça.
O povo que ficou do lado de fora começou a murmurar pelo fato de Jesus ter se hospedado na casa de um pecador. Até parece que os outros que ali estavam não eram pecadores. Quando apontamos o outro como pecador, esquecemos de olhar para os nossos próprios erros. Se não os reconhecemos, não arrependemos e não somos perdoados. Zaqueu não acusou ninguém, mas reconheceu seu próprio pecado e resolveu mudar.
Certamente, havia ali muitos religiosos que se consideravam superiores. Achavam que estavam perto de Deus. Contudo, tinham atitudes contrárias a Jesus, resistindo suas palavras e questionando suas ações. Por isso Jesus disse que os publicanos e meretrizes entrariam no reino de Deus antes dos religiosos (Mt.21.31).
Aquele era um dia especial. Jesus estava ali e um pecador se arrependeu. Entretanto, aquele povo não se alegrou com isso, e ainda murmurou contra Jesus porque ele não se comportava de acordo com os preconceitos vigentes (Lc.19.7). Precisamos tomar cuidado para não termos atitudes erradas diante dos atos de Deus. Não podemos ser murmuradores, mas adoradores, reconhecendo as maravilhas que Jesus tem feito.
“Hoje veio a salvação a esta casa”. Zaqueu foi salvo e, talvez, toda a sua família também tenha sido. A salvação é o principal propósito do evangelho (Rm.1.16). Jesus veio buscar e salvar o que se havia perdido (Lc.19.10). Seu propósito não é dar riqueza a ninguém. Os valores do evangelho são espirituais e eternos. Não podemos reduzi-los a uma visão materialista e temporária. Zaqueu foi salvo, mas os murmuradores não foram. Nenhum deles convidou Jesus para entrar em sua casa ou em seu coração.
Hoje, Jesus fala a cada um, chamando pelo nome. Ele nos manda descer do nosso orgulho e recebê-lo com alegria. Convide-o para entrar em sua casa, em sua vida. Seja transformado. Seja salvo.
“Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” (Ap.3.20).
Anísio Renato de Andrade – Bacharel em Teologia.
O Vale de Ossos Secos
"... O Senhor me levou em espírito e me pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos... eram numerosos e estavam sequíssimos... Então me disse: Profetiza sobre estes ossos e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor... Então profetizei... e eis que se fez um reboliço, e os ossos se juntaram, cada osso ao seu osso... E profetizei como ele me deu ordem: então o espírito entrou neles e viveram, e se puseram em pé, um exército grande em extremo." (Transcrição parcial do texto de Ezequiel 37.1-14)
Uma das mensagens desse texto é a esperança baseada no poder de Deus. Se Deus enviasse o profeta ao meio de pessoas doentes, Ezequiel talvez pudesse sugerir tratamentos para elas. Porém, Deus o coloca diante de mortos, e não apenas isso, mortos há muito tempo, com seus ossos sequíssimos. É um quadro que mostra o fim dos recursos naturais e humanos. Aparentemente, é o fim de tudo. Mas os recursos divinos ainda não se esgotaram. Aleluia!
Quando tudo parece perdido, Deus ainda tem solução. Veja o caso de Lázaro (João 11). Jesus chegou quatro dias depois do seu sepultamento. Parecia tarde demais, mas para Deus não era, e ele foi ressuscitado.
Aquele vale cheio de ossos desarticulados e misturados mostra a desorganização de uma vida sem Deus. Vida? É mais apropriado dizer uma morte em vida. Desorganização nos sentimentos, nos negócios, nos objetivos, na família, etc. Muitas pessoas hoje são verdadeiros mortos-vivos. Já sepultaram seus sonhos e seus ideais. Deus disse ao profeta : "Filho do homem, profetiza aos ossos: ossos secos ouvi a palavra do Senhor..." A Palavra de Deus é o remédio para o problema do homem. É através da palavra de Deus, a Bíblia, pregada e ensinada, que os mortos espirituais viverão. A Palavra de Deus é viva (Hb.4.12) e comunica vida. Aqueles que receberem de bom grado essa Palavra, serão por ela transformados, vivificados.
Cada osso vai encontrando seu lugar no corpo. Isso pode ser usado de forma aplicada para dizer que cada pessoa vai encontrando sua posição no corpo de Cristo, que é a igreja. Vai encontrando sua razão de viver, sua missão, seu objetivo de vida, sua função.
O texto destaca ainda a importância da ação do Espírito de Deus sobre nós. De nada adianta tudo estar no seu lugar, se não houver a ação do Espírito Santo, se não houver unção, se não houver poder. Seria como um motor de um carro que estivesse bem montado, mas sem o lubrificante e o combustível necessários ao seu perfeito funcionamento. Assim, nossas igrejas não devem ser apenas organizações bem estruturadas. Isso é bom, mas não é suficiente. Não podemos funcionar sem o poder do Espírito Santo, sem a unção dos céus.
Uma vez que estamos vivificados pela Palavra, e ungidos pelo Espírito, tornamo-nos um exército. Deus não ressuscitou aqueles mortos para que cada um fosse cuidar de seus próprios interesses. Deus os ressuscitou para que se tornassem um exército para lutar na causa do Senhor. Aqueles que são vivificados, salvos pelo Senhor, serão usados para alcançar outros. Isso não quer dizer que deixaremos de cumprir com os nossos deveres. Vamos trabalhar, estudar, divertir, etc. Mas nada disso ocupará o lugar de Deus em nossas vidas. Nada disso poderá impedir que façamos nosso trabalho na obra de Deus. Ele nos ressuscitou (Ef.2.1-2). Logo, nossa vida pertence a ele e vamos viver para a sua glória.
A Videira Verdadeira
“A relação entre Cristo e os cristãos”
Disse Jesus aos seus discípulos: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (João 15.1). O Mestre utilizava figuras relacionadas ao cotidiano para falar de fatos espirituais. Aquela alegoria faz parte do discurso de encerramento do ministério terreno de Cristo.
Grande parte da sua obra pessoal na terra já estava concluída. Era chegada a hora de passar mais responsabilidades aos discípulos. Dentro de poucos dias, Cristo subiria ao céu. Portanto, caberia aos seus seguidores a tarefa de frutificar, dando continuidade ao que ele mesmo vinha fazendo. A videira frutifica através de seus ramos. Hoje, Cristo age na terra por meio da sua igreja.
Cristo é “a” videira e não “uma” videira. Ele é a única opção para quem quiser vida espiritual. Quem não estiver em Cristo, secará e será lançado ao fogo (João 15.6).
A figura da videira nos traz uma série de lições:
Fica evidente a unidade entre Cristo e seus discípulos.
Se alguém nos fere, ele também sente. A relação entre Cristo e os discípulos acompanha o modelo da relação existente entre Cristo e o Pai (15.9,10,15).
O discípulo é dependente de Cristo.
Os ramos dependem da árvore para terem vida, sustento, crescimento, produção de folhas, flores e frutos. Tudo isso é possível por causa da seiva que percorre o interior da planta a partir das raízes. Nenhum cristão pode se julgar independente de Jesus ou dos irmãos. Um ramo depende também do outro. A comunhão é fundamental. Desligamento e isolamento trazem a morte. Se todos os ramos forem cortados, o tronco sobrevive e lança renovos. Entretanto, nenhum ramo sobrevive sem a árvore. Não podemos abandonar o evangelho e afastar da igreja. Não podemos viver sem Cristo.
Os ramos tem a natureza na árvore. Se estamos ligados a Jesus, temos a sua natureza em nós (IIPd.1.4). Na medida em que a natureza de Adão vai sendo superada, passamos a nos parecer cada vez mais com Jesus.
Permanência
No texto de João 15, Jesus enfatiza o estar e o permanecer (15.4, 5, 6, 7, 9, 10, 11, 16). Não basta estar ligado a Cristo por algum tempo. Nosso compromisso não deve ser provisório ou ocasional mas contínuo e irrevogável. A perseverança é imprescindível para que possamos produzir fruto, pois este depende de tempo, o período necessário para o crescimento e maturidade do ramo. Nenhuma árvore produz imediatamente. Queremos tanto de Deus. Desejamos tantos resultados da nossa fé e das nossas orações. Entretanto, é preciso permanecer ligado a Cristo para que tudo o que Deus tem para nós possa acontecer na ocasião oportuna (15.7,16).
Nessa relação entre o discípulo e Cristo, a Palavra de Deus tem papel fundamental. Observe o destaque dos termos “mandamento” e “palavra” (15.3, 7, 10,12, 20, 25). É através dela que o ramo é limpo. Quem despreza as Sagradas Escrituras acaba cultivando pragas pecaminosas em sua vida. Essa mesma Palavra deve permanecer no coração do discípulo, sendo sempre guardada (15.10), lembrada (15.20), obedecida (15.14) e anunciada (15.20, 27), para que o fruto seja produzido (15.3, 7). Se alguém quiser estar em Cristo sem a palavra, não frutificará, e será cortado e lançado ao fogo. O corte é uma possibilidade concreta que deve ser considerada com temor (João 15.2; Rm.11.20-22).
Jesus disse que o Pai limpa os ramos produtivos para que produzam mais. Nota-se a necessidade de limpeza na vida do cristão (15.2, 3), tratando com seus erros, imperfeições e pecados. A limpeza se dá por meio da poda, que consiste num processo de retirada de tudo aquilo que está desviando a seiva, a energia, a vitalidade da planta, sejam folhas secas, amareladas, murchas, frutos mirrados ou podres. A poda implica em perda, renúncia, para que o fruto novo e sadio possa surgir sem impedimento. Algumas coisas, atividades ou compromissos, ainda que não sejam pecaminosos, podem gastar todo o nosso tempo e energia, de modo que não consigamos nos dedicar a Deus. Isto precisa ser podado.
Embora possua beleza, a videira não é planta ornamental. Além disso, sua madeira não serve para construir casas ou fabricar móveis. Portanto, sua utilidade está em produzir frutos. O cristão só será útil para Deus e para a humanidade se produzir fruto. Não estamos neste mundo como enfeite. Aquele que não produz ocupa inutilmente a terra (Lc.13.7). Aquele que faz o mal, além de inútil, é prejudicial.
Qual é o significado do fruto citado por Jesus?
O fruto do cristão não pode consistir apenas da renúncia ao pecado. Isto é o mínimo que o evangelho pode realizar em nós. Frutificar significa produzir algo positivo. Jesus marcou a história não apenas pelo fato de ter evitado o pecado, mas pela demonstração do amor do Pai pela humanidade através das suas obras.
A produção da videira é sempre plural. O ramo não produz uma uva, mas um cacho ou mais. Da mesma forma, o cristão não pode produzir apenas um traço do caráter de Cristo. Não seria suficiente. O fruto da videira representa tudo o que Jesus espera de nós. O que ele queria dos discípulos? De acordo com o texto, o Mestre esperava que eles guardassem os mandamento, fossem obedientes, se amassem, e permanecessem assim até o fim. Em outras palavras, Jesus queria que seus seguidores tivessem um tipo de vida semelhante à dele, pois este é o propósito do discipulado: que o discípulo seja semelhante ao Mestre, começando por virtudes morais e espirituais. Em segundo lugar, o fruto pode também incluir o resultado do trabalho ministerial. Observe-se a presença do “ide” relacionado ao fruto em João 15.16, bem como o testemunho dos discípulos em 15.27.
Na seqüência das palavras de Jesus, ele enfatiza o amor, que é o primeiro aspecto do fruto do Espírito, sendo a causa de todos os outros (Gál.5.22). Cristo deixou bem clara sua intenção e seu maior desejo em relação aos discípulos: “O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo.15.12). Se não houver amor entre os irmãos na igreja, como amaremos os que estão lá fora? O amor não deve ser considerado apenas um sentimento, mas uma atitude, resultado de uma decisão, com efeitos práticos. Jesus disse que o maior amor faz com que se dê a vida pelo amado (15.13). Ele mesmo daria a sua vida dentro de algumas horas. Os discípulos também precisavam ter tal disposição, pois quase todos eles dariam suas vidas pelo evangelho alguns anos mais tarde. Amar é dar a vida, ainda que não seja preciso morrer.
O fruto pode ser compreendido como a manifestação do caráter de Cristo em nós, vivendo como ele viveu. Essa relação de semelhança está contida no texto através das expressões: “meus discípulos” (15.8) e “do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor” (15.10) e “assim como eu vos amei” (15.12); “se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa” (15.20). Frutificar é agir como Jesus agiu, ainda que possamos sofrer por isso. Os frutos pertencem ao agricultor, que é Deus, e serão úteis para muitas pessoas. O fruto não é para o ramo. É para os outros. O propósito de Jesus é que produzamos algo para o benefício do próximo e não apenas para nós mesmos. Frutificar é dar, e não receber. O egoísmo não faz parte da natureza da videira verdadeira. O mais importante na vida de um homem não é o que ele fez por si mesmo, mas o que realizou pelos outros. É fácil contatar isso ao lembrarmos de personagens importantes da história geral. Aqueles que só fizeram por si mesmos foram totalmente esquecidos.
Deus espera uma produção abundante. Jesus fala em “fruto” (15.2), “mais fruto” (15.2) e “muito fruto” (15.5, 8). Não podemos ficar satisfeitos com o que já fizemos para Deus. Ele espera mais. Prova disso é o fato de ainda estarmos neste mundo. Temos o potencial de Cristo em nós para produzir mais. Não podemos parar. Deus quer quantidade e qualidade: “Muito fruto” (15.8) e “fruto que permanece” (15.16).
"Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor" (ICo.15.58). O agricultor é o dono da videira. Ele é o Senhor. Aqueles que trabalham na igreja nunca devem se esquecer de quem é o proprietário, pois a ele hão de prestar contas. O Pai cuida da sua vinha, protege, rega, supre as necessidades, elimina as pragas, limpa, poda. Seu investimento é grande, mas um dia ele virá procurar o resultado.
O agricultor espera o fruto da sua vinha (Tg.5.7). Deus tem expectativas a nosso respeito. Será que colocamos as nossas expectativas em primeiro lugar? Talvez tenhamos uma lista do que queremos do Senhor, mas já procuramos conhecer e cumprir a sua vontade para nós?
O texto mostra que a comunicação e o vínculo entre os discípulos e o Pai passam pelo Filho. Ele é o mediador (15.9, 10, 15, 16, 26). Jesus estava ali representando o Pai. Ele mostra que do Pai vem o amor (15.9), os mandamentos (15.10), o ensinamento (15.15), a resposta das orações (15.16) e o dom do Espírito Santo (15.26). Entretanto, atingindo aos discípulos e também a Cristo, chega ao Pai o ódio do mundo em forma de perseguição (15.18-24). Portanto, o capítulo 15 de João fala sobre as relações existentes entre o Pai, o Filho, os discípulos e o mundo. O amor flui de cima para baixo, mas o contrário nem sempre acontece. O pai ama o Filho (15.9), que ama os discípulos, que devem se amar (15.12, 17) e levar este amor a todas as pessoas do mundo. Entretanto, o mundo os odeia e persegue, pois odiou o Filho e também ao Pai (15.23). Jesus deixou bem claro que a vida dos discípulos não seria um paraíso na terra. A vida cristã provoca o ódio e a perseguição (João 16.1-3). Se vivermos como Cristo viveu, o mundo nos tratará como tratou a Cristo e como trataria o Pai se pudesse vê-lo.
Se os discípulos frutificassem, Jesus ficaria alegre com eles (15.11). E se ele estivesse alegre, eles também se alegrariam porque tudo o que acontece à videira alcança seus ramos. Os cristãos experimentam a alegria de Cristo, apesar das circunstâncias e das perseguições.
O maior propósito da videira, dos ramos e dos frutos é a glória de Deus (15.8). O evangelho e a vida cristã não devem ser usados para a glória humana. “Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos” (João 15.8).
Texto: João 4.1-30 – A mulher samaritana.
Introdução: falar resumidamente sobre quem era a mulher samaritana: Uma pessoa discriminada por ser mulher (v.27); uma pessoa rejeitada pelos judeus por ser samaritana (v.9); uma pessoa rejeitada pelos próprios samaritanos por ter vida sexual irregular (v.18). Foi buscar água ao meio-dia (hora sexta, v.6) para não se encontrar com ninguém no poço. O horário de se buscar água era pela manhã. Ela vivia fugindo, se escondendo. Tinha vergonha de si mesma.
A mulher samaritana precisava: encontrar, conhecer, comprometer-se e testemunhar.
Encontrar Jesus
Ele foi até onde ela estava. Não é pelo esforço humano que se encontra Deus. Ele veio até nós.
Conhecer Jesus (etapas; níveis de conhecimento).
O questionamento: O Senhor é maior que o nosso pai Jacó? ( v.12). Jesus é maior.
Uma idéia importante, mas vaga.
Poço ou fonte?
Jacó nos deu um poço natural (v.12). Falar sobre religiões, o que elas nos deram
(herança, v.5) e a insatisfação apesar de tudo isso (sede, v.13). (Jeremias 2.13).
Jacó significa "enganador". Quantos enganadores têm
sido valorizados! (Esta é uma aplicação alegórica do texto).
Jesus nos deu uma fonte espiritual (v.14), viva e eterna, um manancial.
Quem tem a fonte dentro de si, não precisa depender de poços exteriores para ter alegria,
esperança, etc.
Primeiro reconhecimento: O Senhor é profeta (v.19).
Uma idéia correta, mas incompleta.
Muitos vêem Jesus como profeta, como mestre, etc. etc. etc. Isso não os salva.
Valorizam os ensinamentos de Cristo, e não a sua pessoa nem a sua obra.
Segundo reconhecimento: O Senhor é o Cristo (v.29).
Esta é a conclusão indispensável.
Significa o reconhecimento de Jesus como a solução divina para a alma humana.
Significa o reconhecimento de Jesus como o salvador prometido.
Comprometer-se com ele.
"Senhor, dá-me dessa água". (v.15).
Mesmo sem ter ainda pleno entendimento, ela quis o que o Senhor oferecia.
Não adianta reconhecer e não se comprometer.
Testemunhar aos outros a respeito de Jesus.
A mulher foi e anunciou em Sicar sobre seu encontro com Jesus (v.28-29).
A mulher quebrou seu estado de isolamento social, deixou para trás o cântaro e foi evangelizar. Muitas coisas serão deixadas para trás quando você entregar sua vida a Cristo.
Obs.: se o tempo para a mensagem é pequeno, você pode ir daqui direto para a conclusão.
A samaritana "vivia de história", se alimentava do passado:
"O pai Jacó nos deu o poço...". Estava presa ao passado.
Estava presa à experiência que Jacó teve com Deus. A água do poço de Jacó pode
representar sua experiência com Deus. Foi legítima e exemplar, mas não servia para a
samaritana, não era satisfatória.
A samaritana lançava sua esperança para um futuro distante:
"Quando o Messias vier nos anunciará todas as coisas..."
Mas... como estava seu tempo presente?
"Não tenho marido." Talvez isso não seja problema para algumas pessoas,
mas naquele caso representava o fracasso de uma vida.
Além disso, não sabia onde adorar. Estava espiritualmente desorientada.
A proposta de Jesus:
"A hora vem, e AGORA É". O tempo para a experiência com Deus é o presente.
Este é o momento para se ter uma experiência com Deus.
Você não vai ficar dependendo da água dos outros, da experiência de Jacó,
mas vai ter a sua própria fonte.
Conclusão – os ouvintes da mensagem estão tendo um encontro com Jesus. Ele está falando a cada um agora. Em João 4, Jesus não está pregando para uma multidão. Ele destaca o valor de UMA alma. Agora, os ouvintes precisam reconhecer Jesus com salvador e fazer um compromisso de servi-lo. Bom momento para o apelo. Diga a Jesus: "Senhor, dá-me dessa água."
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A Igreja de Cristo
Tão preciosa quanto o sangue por ela derramado.
O ser humano, embora imperfeito, procura perfeição em toda parte. Não encontrando, decepciona-se e rejeita até aquilo que poderia ser satisfatório e gratificante. É o que acontece, por exemplo, quando se deseja o cônjuge perfeito.
Na relação entre os indivíduos e as igrejas também ocorre esse tipo de busca. Sabendo que a igreja é composta por seres humanos, não haveremos de encontrar alguma que seja perfeita. Seria como buscar um hospital em atividade onde não houvesse doentes.
Cresce o número de pessoas que concentram seus olhares nos defeitos das igrejas. Não vamos negá-los ou fingir que não existem, mas não podemos também tornarmo-nos seus opositores ou acusadores, pois este papel já pertence ao Inimigo.
Precisamos encontrar um ponto de equilíbrio, onde possamos corrigir com amor, sem tomar atitudes destrutivas contra a obra de Deus.
Os problemas encontrados nas congregações cristãs podem incluir pecados, mas precisamos nos lembrar de que nem todo erro é pecado. Algumas vezes, críticas são proferidas e barreiras são levantadas simplesmente por causa de diferenças litúrgicas, usos, costumes, modismos ou estratégias de crescimento.
Algumas pessoas tornam-se especialistas em criticar e acabam se afastando da igreja. Quem é o maior prejudicado? O indivíduo que se afasta. Quem lucra mais com tudo isso? Satanás. Ele é o maior interessado na decisão daqueles que resolvem servir a Deus sozinhos em suas casas. O leão devora, de preferência, aquelas ovelhas que se afastam do rebanho.
Não existe família sem problemas, mas isso não justifica uma atitude de isolamento e individualismo. Precisamos caminhar juntos, procurando melhorar sempre.
Pode-se pensar que a igreja primitiva fosse perfeita, mas isso não é verdade. Há quem persiga o ideal de restaurar as características eclesiásticas do Novo Testamento. Embora isto possa ser excelente em alguns aspectos, é algo impossível na sua totalidade e não conduzirá a igreja à perfeição, pois desde os seus primórdios o povo de Deus cometeu erros e precisou corrigi-los. Quando o Senhor Jesus mandou que João escrevesse às sete igrejas da Ásia, várias repreensões foram a elas dirigidas. Havia ali muitos problemas e pecados. Contudo, todas elas eram verdadeiras igrejas do Senhor.
O grupo dos 12 discípulos de Jesus foi a célula mater da igreja. Pensando apenas nas ocorrências negativas (que é a nossa tendência), lembramos de Pedro e Judas Iscariotes. Nem aquele pequeno grupo teve a honra de ser perfeito. Quando Pedro negou a Cristo, deu mau exemplo e péssimo testemunho diante de todas as pessoas que se encontravam no pátio do sumo sacerdote, podendo levá-las a questionar o caráter de todos os discípulos, principalmente naquelas circunstâncias, em que o Mestre encontrava-se preso.
Na mesma noite, Judas suicidou-se. Fico imaginando a reação de sua família e amigos. Poderiam dizer: “Eu sabia que esse negócio de seguir Jesus não ia dar certo”. Naquela situação, os opositores pareciam cobertos de razão. Suas suposições ganhavam aspecto de verdade por não terem o exato conhecimento dos fatos, ainda mais diante da condenação e crucificação do Senhor.
Da mesma forma, encontramos, na igreja atual, muitos Pedros e Judas. Não podemos confundi-los, pois são bem diferentes. Pedro é o verdadeiro servo de Deus que erra, mas conserta. Judas é o falso. Precisamos distingui-los para não sairmos por aí condenando os líderes que Deus estabeleceu. Judas possuía uma característica marcante: sua cobiça pelo dinheiro estava acima de todas as coisas (João 12.6), chegando ao ponto de vender o Mestre por 30 moedas de prata (Mt.26.15).
Alguns líderes, que têm como propósito explorar as ovelhas com vistas ao enriquecimento pessoal, precisam ser notados. Não podemos ser seus seguidores. Contudo, o grupo dos discípulos não poderia ser avaliado com base nos erros individuais. Pedro arrependeu-se e veio a ser o principal dos apóstolos. Judas foi substituído por Matias e o grupo apostólico avançou, com sucesso absoluto, no cumprimento da missão evangelística.
Daquela célula surgiu a igreja do Senhor Jesus, que era e continua sendo a agência de salvação das almas.
Além dos nomes mencionados, havia os demais discípulos. Alguns eram bem discretos, sendo citados poucas vezes no Novo Testamento. Nenhum deles era perfeito, mas foram servos fiéis ao Senhor, assim como inúmeros líderes dos nossos dias, que não aparecem, não protagonizam escândalos, mas vivem para servir a Deus e ao seu povo.
Na carta enviada a Filadélfia, Jesus disse à igreja: “Eu te amo” (Ap.3.9). A igreja não é perfeita, mas é amada pelo Senhor. Ai daqueles que se levantam contra ela. A noiva do Cordeiro está sendo preparada para o encontro com o noivo. Naquele dia, será apresentada sem mancha, nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e irrepreensível (Ef.5.27). Entrará, então, na glória do Pai, tornando-se, para sempre, participante da perfeição de Cristo.
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Santidade na adoração
INTRODUÇÃO
Louvor e adoração são temas de grande destaque nas igrejas atualmente. Sua prática tem sido intensa, constante e realizada por um número cada vez maior de pessoas. Contudo, será que Deus tem aceitado tantos cânticos e palavras de exaltação?
No tempo do Antigo Testamento, os israelitas traziam animais para serem sacrificados como oferta ao Senhor. Alguns tinham a ousadia de trazerem coisas imundas e cordeiros defeituosos, cometendo, assim, grande abominação.
“Ofereceis sobre o meu altar pão profano, e dizeis: Em que te havemos profanado? Nisto que pensais, que a mesa do Senhor é desprezível. Pois quando ofereceis em sacrifício um animal cego, isso não é mau? E quando ofereceis o coxo ou o doente, isso não é mau? Ora, apresenta-o ao teu governador; terá ele agrado em ti? ou aceitará ele a tua pessoa? diz o Senhor dos exércitos” (Mal.1.7-8).O que temos trazido diante do altar? Nosso louvor tem sido agradável ao Pai? O culto musical também acontecia na antiguidade. Em certa ocasião o Senhor repreendeu seu povo, dizendo:
“Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas liras” (Am.5.23).
Isto não significa que Deus fosse mal humorado ou não gostasse de música. O fato é que aquelas pessoas desobedeciam a lei, viviam no pecado, e ainda esperavam que Deus recebesse seus louvores.
É necessário que conheçamos o Senhor através da sua palavra, procurando descobrir as características de um louvor aceitável diante da sua face, ou mesmo o que ele espera do nosso próprio caráter como adoradores.
Um dos principais atributos de Deus é a santidade. Portanto, ele não aceitará algo que não traga também esta característica. Nosso louvor e adoração precisam ser santos, puros, para que possam ser oferecidos no altar do Senhor.
Este trabalho foi realizado a partir do Seminário de Louvor e Adoração ministrado por Asaph Borba na Igreja Batista da Lagoinha. Foram utilizados os esboços das mensagens do preletor. Os comentários são do aluno Anísio Renato de Andrade.
SANTIDADE AO SENHOR
ESBOÇO
1. Deus é Santo – Is. 6 1 a 4 , 1 Pe. 1:16.
• Jesus é Santo – Mc 1:24, Jo.6:69. At 4:27.
• O Espírito é Santo – Mt- 3:11.
2. Santidade é a vontade de Deus para nossa vida – 1 Tss.4:3; Lv.10:3; 1Cro 16:29.
3. Temos santidade completa em Cristo, mas é uma caminhada de vida – 2Co.7:1, Apc. 22:11.
4. Não existe outro caminho para a Igreja (não é opcional) a não ser o caminho da santidade – Sl.77:3, 1Pe.2:5-9; 1Tss.4, Is.35:8; Is.62:12 (povo Santo).,br> 5. Deus não quer apenas que todos sejam santos, mas também que tudo seja santo – Rom 12:1 - A Bíblia fala de templo santo, cidade santa, monte santo, lugares santos, objetos santos, ósculo santo, ceia santa, temor santo, sacerdócio santo, mandamento santo, procedimento santo, caminho santo.
COMENTÁRIO
1. Deus é Santo – Is. 6 1 a 4 , 1 Pe. 1:16
• Jesus é Santo – Mc 1:24, Jo 6:69. At 4:27.
• O Espírito é Santo – Mt. 3:11.
A questão da santidade começa com o próprio Deus. A bíblia diz que ele é santo. O Pai é Santo. O Filho é Santo. O Espírito é Santo. Vemos, então, um reforço muito enfático sobre a santidade divina. Ser santo é ser separado, de tal modo que não haja possibilidade de mistura e contaminação.
Deus é santo porque ele é separado de sua criação. Os panteístas dizem que Deus é tudo e tudo é Deus. Porém, a bíblia não ensina assim. O livro de Gênesis nos mostra o Senhor como anterior a todas as coisas e seres. Ele não se mistura e não se confunde com nenhum personagem ou elemento do universo.
A santidade do Pai é maravilhosa, mas muito distante do homem. Por isso, Jesus veio ao mundo e trouxe a santidade para ser contemplada pelos olhos humanos. Jesus é a expressão visível da santidade de Deus. Em sua vida terrena, ele mostrou o que é ser santo. Ele estava perto dos pecadores, mas nunca se contaminou com o pecado. Podemos ver como exceção o momento da crucificação. Não digo que Cristo cometeu pecado, mas tomando sobre si os nossos pecados, ele se sujou de tal forma que o Pai o abandonou por alguns instantes.
Ele assim o fez, tornando-se semelhante a nós na cruz, para que nós um dia pudéssemos nos tornar semelhantes a ele em santidade.
A continuação daquele processo iniciado na cruz é realizada hoje pelo Espírito Santo. Um dos aspectos de sua obra na vida do cristão chama-se santificação, que pode ser vista como uma caminhada em direção à santidade plena.
2. Santidade é a vontade de Deus para nossa vida – 1 Tss. 4:3, Lev 10:3, 1Cro 16:29.
Muitos perguntam a respeito da vontade de Deus. Ficam confusos e não sabem que rumo tomar. Paulo escreveu aos Tessalonicenses: “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação; que vos abstenhais da prostituição” (ITss.4.3).
Em qualquer assunto a ser decidido, um dos aspectos a serem examinados é a santidade de cada alternativa. A vontade de Deus estará sempre na opção que puder ser considerada santa. É assim, por exemplo, na hora de escolher um emprego, um cônjuge, um curso, uma viagem, etc. Se estivermos diante de duas opções igualmente puras, devemos orar para que o Senhor nos ajude a escolher a melhor. Em muitos casos, temos liberdade para decidir, mesmo sem recebermos uma resposta específica de Deus. Afinal, ele nos deu o livre-arbítrio. Contudo, a questão da santidade deve ser examinada sempre.
Paulo podia ter escrito sobre tantas coisas que Deus quer para nós. Podia ter mencionado questões materiais, ministeriais, realizações pessoais, etc, mas ele tocou no ponto principal. De que adianta termos tudo na vida, se não formos santos? Este é o foco da vontade de Deus para nós. O resto é acessório.
3. Temos santidade completa em Cristo, mas é uma caminhada de vida – 2Co.7:1.
“Quem é santo santifique-se ainda” Ap.22.11.
Cristo representa e traz para nós tudo o que podemos ser ou ter diante de Deus. Ele é a nossa “apólice celestial”.
Em Cristo, Deus já nos vê perfeitos. Nele nós somos plenamente santos. Deus já vê o que seremos no futuro e assim nos considera hoje.
Na prática, porém, estamos caminhando. Caminhar é trocar os passos, de fé em fé, de glória em glória, buscando um nível de santidade cada vez mais profundo. Como isto é possível?
Vemos que, passando do Velho para o Novo Testamento, Deus trouxe para o seu povo um novo nível de santidade a ser alcançado. “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e, Quem matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo;” (Mt.5.21-22). Assim, Jesus veio trazer um novo desafio. Muitos que já se consideravam justos ficaram escandalizados com essa nova visão que o Senhor trouxe.
Não importa em que patamar estamos. Temos um novo nível a ser alcançado, de modo que sejamos mais santos, cada vez mais semelhantes ao nosso modelo: Jesus Cristo.
4. Não existe, outro caminho para a Igreja (não é opcional) a não ser o caminho da santidade – Sl.77:3; 1 Pe.2:5-9; 1 Tss 4; Is.35:8; Is.62:12.
Deus não tem um outro padrão para o seu povo. Não se pode viver um cristianismo permissivo, onde o pecado seja algo natural e normal. Esse tipo de caminho não é o do Senhor. Ele não abre exceções. Se somos ovelhas que seguem o Senhor Jesus, haveremos de passar pelo caminho por onde ele passa, haveremos de viver conforme o exemplo que temos nele. Se andarmos por outro caminho, não estaremos seguindo o Sumo Pastor.
A santidade não é algo opcional. O Senhor nos ordena que sejamos santos (Lv.11.44).
5. Deus não quer apenas que todos sejam santos, mas também que tudo seja santo – Rom 12:1 - A Bíblia fala de templo santo, cidade santa, monte santo, lugares santos, objetos santos, ósculo santo, ceia santa, temor santo, sacerdócio santo, mandamento santo, procedimento santo, caminho santo.
A lei de Moisés determinava a santificação de lugares, pessoas e objetos. Tudo era santificado mediante o sangue do sacrifício, a água e o azeite. Tal santificação pode ser vista como sinônimo de purificação e consagração. O que era santificado pertencia exclusiva e definitivamente ao Senhor. Como diz a bíblia: “coisa santíssima é” (Ex.30.29,36; Lv.2.3,10; 6.17,25,29; 7.1,6; 10.12,17; 14.13; 24.9; 27.28). O uso do superlativo chama a nossa atenção para algo extremamente importante. Não poderia ser diferente em hipótese alguma e não seria aceito um nível inferior de santidade, se é que pode existir algo “meio santo”.
Os objetos santificados não podiam ser tocados por qualquer pessoa nem usados para outra finalidade. Os lugares sagrados não podiam ser pisados por qualquer um e nem de qualquer jeito. Por exemplo, o santíssimo lugar, ou santo dos santos, no tabernáculo, só podia ser visitado pelo sumo sacerdote, uma vez por ano. E ele não podia entrar ali de qualquer maneira, pois, caso contrário morreria naquele lugar. Ao entrar deveria estar limpo, com roupas limpas e feitas exclusivamente para aquele fim.
Tais situações e prescrições do Velho Testamento são úteis para que possamos ter uma idéia da santidade de Deus e sua abominação contra o pecado.
Entre as pessoas que eram santificadas no tempo da lei estavam os sacerdotes e levitas. Sem a santificação não podiam exercer seus ministérios diante de Deus. Da mesma forma, hoje, os que se apresentam diante do Senhor não podem fazê-lo de qualquer maneira, pois correm o risco de terem suas ofertas rejeitadas como aconteceu com Caim (Gn.4). Podem também ser destruídos, como foi o caso de Nadabe e Abiú (Lv.10).
O CAMINHO DA SANTIDADE SEGUNDO JESUS
MT.5. 1-12
ESBOÇO
1. Caminho de humildade - reino dos céus.
2. Caminho de choro – quebrantamento pela nossa condição – consolo (consolador – Espírito Santo).
3. Caminho de mansidão – herdará a terra.
4. Caminho de fome e sede de justiça – (implantação da vontade e da justiça de Deus) serão fartos.
5. Caminho de misericórdia – tirar os olhos de si mesmo e olhar para as necessidades dos outros – alcançarão misericórdia.
6. Caminho de coração limpo – verão a Deus.
7. Caminho de paz – caminho dos filhos de Deus.
8. Caminho de perseguição e sofrimento por amor a Deus – deles é o reino dos céus – (2 Cor 4.17 – eterno peso de glória) – caminho de alegria – Tg.1.2.
COMENTÁRIO
1. Caminho de humildade - reino dos céus
O Sermão da Montanha foi o discurso inaugural do ministério de Jesus. Pelo menos, é o primeiro apresentado pelos evangelhos. Assim como Moisés subiu ao monte e trouxe a lei para Israel, Jesus também subiu a um monte e trouxe a “nova lei”, tomando a antiga por base e dando-lhe um sentido mais profundo e abrangente.
O sermão começa com as bem-aventuranças, que enfocam aspectos do caráter do cristão enquanto cidadão do reino que Jesus veio estabelecer. A santidade, portanto, estará permeando cada uma dessas características.
“Bem-aventurados os pobres de espírito porque deles é o reino dos céus”.
Cada aspecto positivo mencionado por Jesus está contraposto a um ou mais pecados. O “pobre de espírito” é o humilde. Ser santo envolve humildade. O pecado subentendido aqui é a soberba, o orgulho exacerbado, a altivez, a inflexibilidade.
Buscar a santidade é tratar cada um desses itens de forma objetiva. Cada um de nós precisa fazer um exame da vida e da consciência para ver onde a santificação ainda não foi aplicada.
2. Caminho de choro – quebrantamento pela nossa condição
“Bem-aventurados os que choram porque serão consolados”
Há muitas pessoas incapazes de chorar. Os motivos podem ser diversos, mas um deles pode ser um coração duro, ou mesmo efeito da altivez mencionada anteriormente. Se alguém quer crescer em santidade, deve começar reconhecendo sua situação de pecador. Deve arrepender-se e suplicar pela misericórdia do Senhor. Isto sempre envolve lágrimas. Tiago escreveu: “Senti as vossas misérias, lamentai e chorai; torne-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria em tristeza. Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará” (Tg.4.9-10). A palavra miséria normalmente tem sido relacionada à pobreza extrema, à mais arrasadora necessidade material. Contudo, a bíblia se refere à miséria espiritual, à condição daquele que está perdido no pecado, longe de Deus e de toda a glória da sua presença. Quem está em tal condição, tem motivos de sobra para chorar. E mesmo aqueles que já se converteram, continuam quebrantados na presença do Senhor, prontos para se arrependerem quando pecam.
3. Caminho de mansidão
“Bem-aventurados os mansos porque eles herdarão a terra”. O Senhor está falando indiretamente contra a violência, a estupidez, a grosseria, o desrespeito, o desamor. A santidade afeta a nossa maneira de tratar as pessoas. De que adianta louvar ao Senhor, se agredimos nossos irmãos? Tiago coloca a mansidão como um dos sinais da sabedoria. O verdadeiro sábio é manso.
4. Caminho de fome e sede de justiça
“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos”.
Ninguém será santo sem querer ou por acidente. A vontade é aqui representada pela fome e pela sede. Justiça significa retidão. Querer justiça não é primeiramente querer vingança ou correção sobre os outros. É, antes de tudo, querer ser justo, ser reto.
A fome e a sede não dão sossego enquanto não são saciadas. Da mesma forma, o nosso desejo pela justiça nos empurra em direção à fonte que é o Senhor e a sua palavra.
5. Caminho de misericórdia – tirar os olhos de si mesmo e olhar para as necessidades dos outros.
A santidade não é egoísta. Seria uma contradição. Quanto mais santos formos, mais atentos estaremos ao nosso próximo, no sentido de percebermos suas necessidades e procurarmos ajudá-lo da forma como estiver ao nosso alcance. A santidade implica também em misericórdia. Misericórdia é sentir, de coração, a miséria do outro. Isto se manifesta também no ato de perdoar. O misericordioso perdoa e também será perdoado porque a misericórdia do Senhor o alcançará.
Esse versículo contém o princípio da semeadura e da colheita. Quem semeia misericórdia a favor do seu próximo colherá misericórdia divina para si mesmo.
6. Caminho de coração limpo
“Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus”.
A palavra santidade está muito relacionada à pureza. Quem é puro aos olhos de Deus? Em princípio, ninguém, mas o sangue de Jesus nos purifica de todo pecado (IJo.1.7). Ele nos torna limpos de coração. Não haverá santidade sem que se passe pela cruz, sem que se experimente o lavar purificador do sangue do Cordeiro.
7. Caminho de paz
“Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus”.
A santificação nos tornará cada vez mais parecidos com o Pai, de tal forma que as pessoas se lembrarão dele quando olharem para nós. Para isso, será necessário que o nosso caráter se molde pelo Espírito e pela palavra do Senhor, fazendo com que seus atributos morais nos sejam conferidos.
Segundo as Escrituras, um dos nomes de Deus é Javé-Shalom, o Deus de paz. Ele quer que também sejamos da paz. Não seremos pacíficos com o Diabo e seus anjos, mas, por outro lado, não seremos contenciosos com o nosso próximo nem incentivaremos as guerras ou divisões.
Essa bem-aventurança nos adverte contra o pecado da maledicência, da intriga, e outros que se colocam como empecilhos à paz.
8. Caminho de perseguição e sofrimento por amor a Deus
“Bem-aventurados sois vós quando vos perseguirem e injuriarem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa, porque é grande o vosso galardão nos céus, porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós”.
Os santos serão perseguidos e muitos morrerão pelo reino de Deus. Este talvez seja o lado mais difícil da questão da santidade. Era de se imaginar que, quanto mais santos fôssemos, mais queridos seríamos por todos. Porém, não é assim. Jesus foi o homem mais santo que já pisou nesta. Entretanto, foi odiado e crucificado.
A santidade atrai a inveja de muitos, atrai a oposição, pois perturba o Diabo e seus comparsas.
Aquele que é santo torna-se odiado pelos que têm prazer na iniqüidade. Entretanto, o coração de Deus fica satisfeito com os que se santificam.
TRANSPARÊNCIA DE VIDA
ESBOÇO
1. Arrependimento – Arrependei-vos – Mt 4:17.
2. Confissão – todo pecado oculto e escondido é terreno do diabo
• Transparente a Deus - 2 Cor. 3:18 – refletir em tudo na nossa vida a glória de Deus
• Confissão a Deus – Ed. 10:1, 10:11 – fazei confissão - 1 Jo.1:9.
• Confissão a Deus traz limpeza espiritual.
• Transparente aos homens – Tg.5:16.
3. Perdão – pedir perdão – Mc.11:25; Lc.6:37.
• Perdoar – Col. 3:13.
4. Restituição – 1 Sm.12:3; Lc.19:8; Pv.6:30,31 – (7x mais).
COMENTÁRIO
1. Arrependimento – Mt. 4:17
O caminho da santidade começa com o arrependimento. Foi esta a primeira pregação de João Batista e também de Jesus: “arrependei-vos porque é chegado o reino dos céus” (Mt.3.2; 4.17).
Ninguém pode se tornar um adorador sem se arrepender de seus pecados. O sacerdote do Velho Testamento, antes de entrar no santuário, lavava suas mãos na pia de bronze e sacrificava um animal para perdão dos pecados. Esse sacrifício simbolizava a morte de Cristo no Calvário. O arrependimento é um dos requisitos para o perdão.
2. Confissão
O arrependimento deve ser seguido pela confissão. Confessar implica em reconhecer a culpa e assumi-la expressamente. Quem não reconhece sua culpa não pode ser perdoado. É como o doente que não reconhece sua doença. O tratamento fica deveras impedido.
Não podemos esconder o nosso pecado. Não podemos “fazer de conta” que ele não aconteceu. Devemos confessar como fez o filho pródigo quando disse: “Pai, pequei contra o céu e contra ti” (Lc.15.21). Deus já conhece os nossos pecados antes mesmo que os cometamos. Entretanto, ele quer ouvir de nós a confissão. A confissão é um modo de se ter transparência diante de Deus. Não desejamos ocultar coisa alguma, mesmo porque nada se esconde dele.
No momento da conversão, é necessária uma confissão geral. A bíblia não exige que o pecador confesse cada um de seus pecados para que sejam perdoados. Temos como exemplo o ladrão ao lado de Cristo na cruz. Depois de convertidos, passamos a confessar cada pecado, pois não vamos esperar que se acumulem para fazer uma confissão “no atacado”.
A confissão deve ser feita de acordo com o pecado cometido. Todo pecado é contra Deus, então todos devem ser confessados a ele. O pecado que for contra o irmão, deve ser confessado também ao irmão. Os pecados por pensamento devem ser confessados somente a Deus, pois só ele conhece os nossos pensamentos. Quem se aventura a confessar pensamentos a outra pessoa, pode acabar pecando em suas palavras ao dizer algo que nunca deveria ser dito. É claro que existem situações diversas em que um pensamento pode ser confessado para que obtenha ajuda e conselho, mas esse caso seria uma exceção.
3. Perdão – pedir perdão – Mc.11:25, Lc. 6:37.
• Perdoar – Col. 3:13
Quando confessamos, o Senhor nos perdoa (IJo.1.9). Ele está pronto para perdoar (Ne.9.17). O Senhor não nos pede uma hora ou um dia de prazo para pensar. Ele nos perdoa imediatamente. Assim também devemos perdoar o nosso próximo. Perdoados, crescemos em santidade, deixando para trás o fardo cheio de pecados. Perdoando, permitimos que o nosso irmão se santifique também.
4. Restituição – 1 Sm.12:3; Lc.19:8; Pv.6:30,31 – (7x mais)
Sempre que possível, devemos reparar o erro cometido. É uma questão de consertar o que foi danificado. Em alguns casos, isto não pode ser feito. Por exemplo, uma vida tirada não pode ser devolvida. Entretanto, quando estiver ao nosso alcance, devemos ressarcir àquele a quem causamos dano ou prejuízo. É uma questão de justiça. Isto agrada ao Senhor e promove um bom testemunho para os que estão à nossa volta.
VIDA DE SANTIDADE E DE PURIFICAÇÃO
LEV 14:14 – O LEPROSO
ESBOÇO
1. Sobre a orelha direita – Fil.4:8.
• o que ouvimos e vemos será a base do nosso pensamento – música secular?
• santificar nossas motivações – os porquês de nossa vida.
• Lc.11:34 – “São os teus olhos a lâmpada do teu corpo; se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; mas, se forem maus, o teu corpo ficará em trevas”.
2. Sobre o polegar direito – nossas obras – mãos limpas – Sl 24, Sl 15.
• Aonde temos colocado nossas mãos? – 1 Tim: 2:8 – mãos santas.
• Santidade está em tudo que fazemos – nosso trabalho estudo, ministério, quarto arrumado, organização.
3. Sobre o pé direito – nosso caminhar – Is 35: 8 – Ex. 30:19 a 21
• Jesus lavou os pés dos discípulos – por onde andamos?
• Santidade está na maneira em que andamos – nossa postura nossos passos – SL 119:105 – “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para os meu caminho”.
• Impureza nos afasta do Reino dos céus - 1 Tim 1:10 – 1 Cor 6:9, Heb.13:4, Tito 1.15.
COMENTÁRIO
1. Sobre a orelha direita – Fil.4:8
Levíticos 14.14 nos fala sobre o procedimento do sacerdote em relação ao leproso curado. Ele seria “ungido” com o sangue do animal sacrificado para perdão do pecado. O sangue seria passado em sua orelha, em sua mão direita e em seu pé direito.
O sangue do animal simboliza o sangue de Cristo. Em seu esboço, Asaph Borba relacionou o “sangue sobre a orelha” com a santidade naquilo que ouvimos. De fato, o cristão não pode ouvir qualquer coisa. É preciso haver um controle, quando possível, sobre o que ouvimos. É verdade que algumas vezes temos nossos ouvidos invadidos por um som que vem de uma casa, de um carro ou da boca imunda de alguém, mas quando pudermos controlar, devemos evitar determinadas músicas e determinadas conversas, pois elas “corrompem os bons costumes” (ICor.15.33). O que ouvimos influenciará nossos pensamentos que, por sua vez, influenciarão nossas ações, o nosso caráter e a nossa vida.
2. Sobre o polegar direito
O sangue sobre a mão foi relacionado à santificação das mãos e daquilo que elas fazem.
A santidade afeta todas as áreas da nossa vida. Não podemos ser parcialmente santos. Se somos santos, o que fazemos também deve ser. Precisamos fazer somente o bem e da melhor maneira possível.
3. Sobre o pé direito
Borba comparou o “sangue sobre o pé direito” com a santidade do nosso caminhar. Não podemos ir a lugares onde sabemos que Jesus não iria. Nossos pés são santos.
“Quão formosos são os pés do que anuncia boas novas” (Rm.10.15).
COMO CONSERVAR-SE EM SANTIDADE
ESBOÇO
- Vivendo de acordo com a palavra - Salmos 119:9 - “De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? Observando-o segundo a tua palavra”.
- Vivendo em comunhão com o Espírito Santo – Col.3:15 - paz – árbitro. - Vivendo debaixo de pastoreio, discipuladoo e conselho.
(Salmo 1.1-2) - Abandonando o conselho dos ímpios.
2 Crônicas 10:6-16 - conselho dos jovens e dos anciãos (o reino foi dividido).
Pv.15:22 – “Onde não há conselho fracassam os projetos, mas com os muitos
conselheiros há bom êxito”.
- Vigiar constantemente as portas do coraçãão - 1 Cor 16:13.
1 Pe 2.8-9 – Mateus 26:41 – “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca”.
- Compromisso com a verdade – Salmo 15, Jo.. 17:17 – “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” - (sem fermento sem mel) – autenticidade.
- Cortando fora tudo que nos faz tropeçar -- Mateus 18:8 -
“Portanto, se a tua mão ou o teu pé te faz tropeçar, corta-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida manco ou aleijado do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno”. (radical segundo Jesus).
COMENTÁRIO
Em relação a diversos propósitos na vida, temos duas etapas muito importantes, difíceis e complementares entre si: a conquista e a conservação. Assim é a questão da santidade. O processo de santificação pode ser comparado a uma escada. Cada parte santificada em nós seria um degrau que subimos em direção à santidade. Contudo, precisamos ser cuidadosos para não perdermos o que já alcançamos. “Guarda bem o que tens para que ninguém tome a tua coroa” (Ap.3.11). Se subimos um degrau e descemos dois, estamos sempre piorando e enganando a nós mesmos. Se, depois de subirmos vários degraus, cairmos ao chão, perdemos todo o progresso anterior. Aliás, é bom lembrarmos que a subida é demorada, mas a queda é repentina. Uma boa reputação, construída ao longo de décadas, pode ser destruída num instante com um ato ou uma palavra.
Cada dia é um desafio para o cristão. Além dos nossos passos a serem dados, os anteriores precisam ser mantidos válidos. O inimigo nunca desiste. Ele sempre estará diante de nós com suas propostas tentando nos derrubar.
Vivendo de acordo com a palavra
A palavra de Deus nos faz avançar e também nos sustenta para não retrocedermos. É como se, ao subirmos, estivéssemos segurando em uma corda. Ela é útil tanto no apoio para a subida como para evitar a queda.
Precisamos buscar o constante crescimento na palavra, procurando sempre recapitular aquilo que já pensamos saber. Somos como o advogado e o juiz que precisam sempre estudar as leis. Nunca podem achar que já sabem tudo. Não podem confiar apenas na memória. Suas funções exigem que estejam com o conhecimento sempre nítido para que usem a legislação da forma mais eficaz possível.
Vivendo em comunhão com o Espírito Santo
O Espírito Santo é o melhor intérprete da palavra de Deus, pois foi também o seu autor. Ao lermos e estudarmos a bíblia, precisamos buscar sua iluminação para nós.
Além disso, ele também nos sonda e nos convence do pecado. Não podemos depender apenas da nossa consciência. Ela é um instrumento útil, mas pode ser condicionada e enganada por idéias humanas. O Espírito Santo nos mostra o pecado de acordo com o ponto de vista de Deus. Assim, a santidade será mantida. Estaremos limpos e brilhantes diante do Senhor.
Vivendo debaixo de pastoreio, discipulado e conselho
Pode ser que, em determinada circunstância, algum de nós fique insensível à voz do Espírito Santo. Então, ele usará outra pessoa para nos falar, principalmente nossos líderes, nossos pastores. Portanto, uma vida de santidade está diretamente ligada a uma vida de submissão e obediência.
Aquele que se posiciona contra as autoridades constituídas está bloqueando uma fonte de bênçãos para a sua vida. A santidade que porventura poderia ter ficará comprometida.
Por outro lado, não precisamos ficar apenas esperando que o líder tome a iniciativa de nos admoestar ou repreender ou orientar. Podemos e devemos procurá-lo para pedir o seu conselho em relação a qualquer área da nossa vida em que haja um problema, uma dúvida ou dificuldade.
Não é bom buscar o conselho de ímpios em questões relacionadas à santidade. Seria como procurar orientação financeira com um agiota.
O conselho deve ser buscado de pessoas maduras, cristãos exemplares e experientes.
Todo conselho deve ser confrontado com a palavra de Deus. O próprio conselheiro deve estar apto a demonstrar o fundamento bíblico de sua proposta. O aconselhado pode pedir a opinião de outras pessoas em caso de dúvida. O conselho não serve para tirar a responsabilidade individual. O líder aconselha, mas não tem o poder de decidir no lugar de suas ovelhas quando se tratar de problema pessoal. O líder manda quando a questão é ministerial, projetos da igreja ou do grupo. Na vida particular, o conselho pode ser dado, mas a decisão é de cada um.
Vigiar constantemente as portas do coração
Algumas cidades antigas eram cercadas por muros muito largos e altos. Eram verdadeiras fortalezas. Contudo, de nada valia uma muralha se alguém abrisse a porta para o inimigo. As portas são os pontos fracos das muralhas e nelas será concentrado todo o ataque.
As principais portas do nosso coração são nossos olhos e ouvidos. Aquilo que vemos e ouvimos alcança nossa mente, afetando nossos pensamentos e sentimentos. Depois de processadas, tais informações podem sair de nós através de palavras e ações, boas ou más. Vemos, portanto, quão perigoso pode ser aquilo que recebemos. Precisamos fazer uma seleção, sempre que possível. Não deixamos qualquer pessoa entrar em nossos lares. Da mesma forma, não podemos deixar qualquer coisa entrar em nossa mente.
“Guarda com toda diligência o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv.4.23).
FRUTOS DA SANTIDADE
ESBOÇO
- Comunhão com Deus e com os Irmãos - 1Jo.11:5-7- “Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é esta: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma. Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado”.
- Transmissão de vida – João 17.19 – Jesus,, por amor deles, se santificou.
- Autoridade - 1Tm.4:12 “Ninguém despreze aa tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza”.
- Poder – Rm.1:4 – “E foi designado Filho dde Deus com poder, segundo o espírito de santidade pela ressurreição dos mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso Senhor”.
- Unção – 1 João 2:20 – “E vós possuís a unnção que vem do Santo e todos tendes conhecimento”.
Hb 12:14 – “Segui a paz com todos e a santificação sem a qual ninguém verá o Senhor”!
COMENTÁRIO
A santidade não é estéril. Pode ser vista como um alvo, mas não é um fim em si mesma. Podemos compará-la à boa condição de uma árvore, que esteja bem tratada, adubada, livre de pragas, viçosa e saudável. É um estado excelente, mas o que mais se espera dela é o fruto. Se pudéssemos ser santos e infrutíferos seríamos como plantas ornamentais: bonitas, porém inúteis. Não é este o propósito de Deus para nós.
De fato, ser santo e infrutífero é uma situação hipotética que cremos não existir na prática, pois o verdadeiro santo sempre será produtivo. A árvore que tiver todas as condições citadas acima frutificará inevitavelmente. Não haverá impedimento para que sua natureza frutífera se manifeste de modo abundante.
Comunhão com Deus e com os Irmãos
A santidade consiste no afastamento do pecado e na aproximação de Deus. Conseqüentemente, estaremos próximos de todos os filhos de Deus, pois todos deverão estar perto dele.
Quanto mais santos formos, mais aptos estaremos para a comunhão. Não vamos ao encontro das autoridades públicas sujos ou vestidos de qualquer maneira. Assim, se nossas vestes espirituais estão limpas, sentimo-nos à vontade para nos aproximarmos de Deus e dos irmãos. Não nos envergonharemos, não viveremos nos escondendo, pois nada temos a ocultar.
Transmissão de vida, autoridade, poder e unção
A santidade nos coloca em condição de receber tudo o que o Senhor tem para nós. Não é questão de merecimento, mas apenas de um estado adequado. Quando uma mãe vai entregar um alimento ao filho, ela normalmente olha as mãos da criança. Se estiverem, por exemplo, sujas de barro, a mãe diz: “Vai lavar as mãos primeiro”. Da mesma forma, o Senhor não pode nos dar determinadas bênçãos, dons ou funções ministeriais, se vivermos com as mãos sujas. Ele também não aceitará aquilo que lhe queremos dar, seja louvor, adoração ou oferta (Is.1.15; Mt.5.23-24).
“Quem subirá ao monte do Senhor? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração” (Salmo 24.3-4).
Que o Senhor nos ajude. Que lavemos nossas mãos no sangue do cordeiro e na água da Palavra para que não percamos coisa algumas de todas as riquezas espirituais que o Senhor quer colocar em nossas mãos.
O maior fruto da santificação será o glorioso privilégio de vermos o Senhor face a face. Nada haverá de tão grandioso na existência de qualquer pessoa. “Bem-aventurados os limpos de coração porque eles verão a Deus”. Este é o estágio máximo a ser atingido nesta caminhada da santificação.
CONCLUSÃO
“Segui a paz com todos e a santificação sem a qual ninguém verá o Senhor”! - Hb.12.14.A santidade é a essência do cristianismo, assim como a impureza é o estado natural do perdido. Assim, todo cristão está diretamente envolvido com essa questão.
O chamado “levita” ou qualquer outro obreiro da igreja, não está mais comprometido com a santidade do que outro cristão qualquer. Contudo quem está em posição de destaque traz sobre o si a responsabilidade de ser exemplo. Se qualquer cristão deve dar um bom testemunho, o obreiro ou líder ainda mais, pois seu estilo de vida influenciará a muitos, podendo auxiliar na salvação ou na perdição dessas pessoas.
Paulo foi enfático ao escrever a Timóteo:
“Fiel é esta palavra e digna de toda a aceitação; que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais sou eu o principal; Por isso alcancei misericórdia, para que em mim, o principal, Cristo Jesus mostrasse toda a sua longanimidade, a fim de que eu servisse de exemplo aos que haviam de crer nele para a vida eterna”. (ITm.1.16).
“Ninguém despreze a tua mocidade, mas sê um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza”. (ITm.4.12).
O Estado Intermediário dos Mortos
INTRODUÇÃO
Para onde as pessoas vão ao morrerem? Esta é uma pergunta intrigante que todos fazem em algum momento da vida. A Bíblia nos fala do juízo final, quando todos serão encaminhados para seus lugares eternos: o céu ou o lago de fogo. E antes desse julgamento ? Onde estarão os mortos ? Haverá um tipo de "sala de espera" do tribunal de Cristo ? Em busca de resposta a essa questões empreenderemos este estudo acerca do Estado Intermediário dos Mortos.
A VIDA PSÍQUICA APÓS A MORTE FÍSICA
O aspecto central no ensino neotestamentário acerca do futuro do homem é a volta de Cristo e os eventos que acompanharão essa volta: a ressurreição, o juízo final e a criação da nova Terra. Mas antes de avançarmos para considerar esse assuntos, temos de dar alguma atenção ao que normalmente é denominado de "o estado intermediário" - isto é, o estado do morto entre a morte e a ressurreição.
Desde o tempo de Agostinho, os teólogos cristão pensavam que, entre a morte e a ressurreição, as almas dos homens desfrutavam do descanso ou sofriam enquanto esperavam ou pela complementação de sua salvação, ou pela consumação de sua condenação. Na Idade Média, esta posição continuou a ser ensinada, e foi desenvolvida a doutrina do Purgatório. Os Reformadores rejeitaram a doutrina do Purgatório, mas continuaram a defender um estado intermediário, embora Calvino, mais do que Lutero, tendia mais a considerar esse estado como de uma existência consciente. Em sua obra Psychopannychia, uma resposta aos Anabatistas de seu tempo, que ensinavam que as almas simplesmente dormiam entre a morte e a ressurreição, Calvino ensinou que, para os crentes, o estado intermediário é tanto de benção como de expectação - por causa disso a benção é provisória e incompleta. Desde aquele tempo, a doutrina do estado intermediário tem sido ensinada pelos teólogos da Reforma, e se reflete nas Confissões da Reforma.
Entretanto, a doutrina do estado intermediário tem sido recentemente sujeita a uma crítica severa. G.C.Berkouwer retrata o ponto de vista de alguns destes críticos em seu recente livro sobre escatologia. G.Van Der Leeuw (1890-1950), por exemplo, sustenta que após a morte somente existe uma perspectiva escatológica para os crentes: a ressurreição do corpo. Ele rejeita a idéia de que exista "algo" do homem que continue após a morte e sobre o que Deus construiria uma nova criatura. De acordo com as Escrituras, assim insiste ele, o homem morre totalmente, com corpo e alma; quando o homem, mesmo assim, recebe uma nova vida na ressurreição, isto é um feito maravilhoso de Deus, e não algo que jorre naturalmente da existência atual do homem. Por causa disso, falar de "continuidade" entre nossa vida atual e a vida da ressurreição leva ao engano. Deus não cria nosso corpo ressurreto a partir de alguma coisa - por exemplo, nosso espírito, ou nossa personalidade - mas ele cria uma nova vida do nada, de nossa vida aniquilada e destruída.
Outro crítico moderno da doutrina do estado intermediário é Paul Althaus, um teólogo luterano (1888-1966). Esta doutrina, sustenta ele, deve ser rejeitada uma vez que pressupõe a existência continuada e independente de uma alma incorpórea, e por este motivo é mesclada com Platonismo. Althaus apresenta várias objeções à doutrina do estado intermediário. Esta doutrina não faz jus à seriedade da morte, uma vez que a alma parece passar incólume através da morte. Por sustentar que, sem o corpo o homem pode ser totalmente abençoado e completamente feliz, esta doutrina nega a importância do corpo. A doutrina tira o significado da ressurreição; quanto mais aumentarmos as bênçãos do indivíduo após a morte, mais diminuiremos a importância do último dia. Se, de acordo com esta doutrina, os crentes após a morte já estão abençoados e o ímpio já está no inferno, por que ainda é necessário o dia do juízo?
A doutrina do estado intermediário é completamente individualista; ela envolve mais um tipo privado de bênção do que comunhão com os outros, e ignora a redenção do cosmos, a vinda do Reino e a perfeição da igreja. Em suma, conclui Althaus, esta doutrina separa o que deve estar junto : corpo e alma, o individual e o comunitário, felicidade e a glória final, o destino de indivíduos e o destino do mundo.
Em resposta a estas objeções, deve ser admitido que a Bíblia fala muito pouco acerca do estado intermediário e que aquilo que ela diz acerca dele é contingente à sua mensagem escatológica principal sobre o futuro do homem, que diz respeito à ressurreição do corpo. Temos de concordar com Berkouwer que aquilo que o Novo Testamento nos fala acerca do estado intermediário não passa de um sussurro. Temos também de concordar que em lugar nenhum o Novo Testamento nos fornece uma descrição antropológica ou exposição teórica do estado intermediário. Entretanto, permanece o fato de que há evidência suficiente para nos capacitar a afirmar que, na morte, o homem não é aniquilado e o crente não é separado de Cristo. Veremos mais adiante qual é esta evidência.
Nesse ponto, devemos fazer uma observação sobre a terminologia. Geralmente, é dito por cristão que a "Alma" do homem continua a existir após o corpo ter morrido. Este tipo de linguagem 'freqüentemente criticado como revelando um modo grego ou platônico de pensar. Será que isso é necessariamente assim?Deve ser admitido que certamente é possível falar da "alma" de modo platônico. É bom lembrarmos que existem divergências entre essa visão e a concepção cristã do homem.
Mas, o fato de que os gregos usaram o termo alma de modo não bíblico não implica, necessariamente, que todo uso da palavra alma, para indicar a existência continuada do homem após a morte, seja errado. O próprio Novo Testamento utiliza ocasionalmente deste modo a palavra grega para a alma, psyche. Arndt e Gingrich, em seu Greek-English Lexicon of the New Testament, sugerem que psyche, no Novo Testamento, pode significar vida, alma como o centro da vida interior do homem, alma como o centro da vida que transcende a terra, aquela que possui vida, a criatura vivente, alma como aquela que deixa o reino da terra e da morte e continua a viver no Hades.
Existem, pelo menos, três exemplos claros do Novo Testamento onde a palavra psyche é usada para designar aquele aspecto do homem que continua a existir após a morte. O primeiro deles encontra-se em Mt.10:28: "Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma (psyche); temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo". O que Jesus diz é o seguinte: Existe algo seu que aqueles que o matam não podem tocar. Este algo tem de ser um aspecto do homem que continua a existir após a morte do corpo. Dois exemplos mais deste uso da palavra são encontrados no livro do Apocalipse: "Quando ele abriu o quinto sele, vi debaixo do altar as almas (psychas) daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam" (6:9): "Vi ainda as almas (psychas) dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus" (20:4). Em nenhuma destas duas passagens a palavra almas pode se referir a pessoas que ainda estejam vivendo na terra. A referência é claramente a mártires assassinados: a palavra almas é usada para descrever aquele aspecto desses mártires que ainda existe após seus corpos terem sido cruelmente abatidos.
Concluímos, portanto, que não é ilegítimo nem antibíblico usar a palavra alma para descrever o aspecto do homem que continua a existir após a morte. Devemos acrescentar que, às vezes, o Novo Testamento usa a palavra espírito (pneuma) para descrever esta aspecto do homem: por exemplo, em Lucas 23:46, Atos 7:59 e Hebreus 12:23.
As escrituras ensinam claramente que o homem é uma unidade e, que "corpo e alma" (Mt.10:28) ou "corpo e espírito" (I Cor. 7:34 Tg.2:26) são inseparáveis. O homem só é completo nesta espécie de unidade psicossomática. Porém, a morte faz surgir uma separação temporária entre o corpo e a alma. Uma vez que o Novo Testamento, ocasionalmente, realmente fala das "almas " ou dos "espíritos" dos homens como ainda existindo durante o tempo entre a morte e a ressurreição, nós também podemos fazê-lo, desde que lembremos que este estado de existência é provisório, temporário e incompleto. Uma vez que o homem não é totalmente homem sem o corpo, a esperança escatológica central das escrituras, em relação ao homem, não é a simples existência continuada da "alma" (conforme o pensamento grego) mas é a ressurreição do corpo.
Passaremos agora a investigar o que a Bíblia ensina acerca da condição do homem entre a morte e a ressurreição. Comecemos pelo Velho Testamento. De acordo com o Velho Testamento, a existência humana não finda com a morte; após a morte, o homem continua a existir no reino dos mortos, geralmente denominado Sheol. George Eldon Ladd sugere que o "Sheol é a maneira vétero-testamentária de afirmar que a morte não acaba com a existência humana."
Na versão King James a palavra hebraica Sheol é traduzida diversamente como sepultura (31 vezes), inferno (31 vezes) ou cova (31 vezes). Porém, tanto na Versão American Standard como na Versão Revised Standard, Sheol não foi traduzida.
Ao passo que admite que a palavra nem sempre significa a mesma coisa, Louis Berkhof sugere um sentido tríplice para Sheol: o estado de morte, sepultura ou inferno. É bem confirmado que Sheol possa significar tanto o estado de morte como a sepultura; mas é duvidoso que possa significar inferno.
Geralmente, Sheol significa reino dos mortos que deve ser entendido figuradamente ou como designando o estado de morte. Freqüentemente, Sheol é simplesmente usado para indicar o ato de morrer: "Chorando, descerei a meu filho até à sepultura (Sheol)" (Gn.37:35).
As diversas figuras aplicadas ao Sheol podem todas ser entendidas como se referindo ao reino dos mortos: é dito do Sheol que ele tem portas (Jó 17:16), que é um lugar escuro e triste (Jó 17:13), e que é um mostro com apetite insaciável (Pv.27:20 30:15-16 Is.5:14 Hc2:5). Quando considerarmos o Sheol deste modo, temos de lembrar que tanto o piedoso como o ímpio descem ao Sheol na morte, uma vez que ambos entram no reino dos mortos.
Às vezes, Sheol pode ser traduzido como sepulcro. Exemplo claro está no Salmo 141:7: "ainda que sejam espalhados os meus ossos à boca do Sheol se lavra e sulca a terra". Entretanto, este não parece ser um significado comum do termo, e especialmente não o é porque existe um termo hebraico para sepultura, gebher. Muitas passagens nas quais Sheol poderia ser traduzido por sepultura, têm também o sentido claro se traduzirmos Sheol por reino dos mortos.
Tanto Louis Berkhof como William Shedd sugerem que, às vezes, Sheol pode significar inferno ou lugar de punição para os ímpios. Mas as passagens citadas para sustentar esta interpretação não são convincentes. Um dos textos assim citados é o do Salmo 9:15: "Os perversos serão lançados no Sheol , e todas as nações que se esquecem de Deus". Mas não há indicação no texto de que uma punição está envolvida. Fica difícil crer que o Salmista esteja predizendo aqui a punição eterna de cada membro individual destas nações iníquas. A passagem, porém, tem sentido bem claro se entendermos Sheol no significado comum, referindo-se ao reino da morte. O salmista estará então dizendo que as nações ímpias, embora agora se orgulhem de seu poder, serão extirpadas pela morte.
Outra passagem apresentada por Berkhof é a do Salmo 55:15: "A morte os assalte, e vivos desçam ao Sheol!" À luz do princípio do paralelismo que, geralmente, caracteriza a poesia hebraica, pareceria que a segunda linha está apenas repetindo o pensamento da primeira linha: a morte (ou desolação, na leitura marginal) virá sobre estes meus inimigos. Descer vivo ao Sheol, então significaria morte súbita, mas não implicaria, necessariamente, punição eterna.
Outro texto ainda citado por Berkhof, relacionado com isto, é o de Provérbios 15:24: "Para o entendido há o caminho da vida que o leva para cima, a fim de evitar o Sheol em baixo". Mas aqui novamente se encontra o contraste óbvio entre vida e morte, a última representada pela palavra Sheol.
Não foi definitivamente comprovado, portanto, que Sheol possa designar o lugar de punição eterna. Mas é verdade que já no Velho Testamento começa a aparecer a convicção de que o destino do ímpio e o destino do piedoso, após a morte, não são o mesmo. Esta convicção é expressa primeiramente na crença de que, embora o ímpio permanecerá sob o poder do Sheol, o piedoso finalmente será liberto desse poder.
A DOUTRINA DO SONO DA ALMA
Esta é uma das formas em que a existência consciente da alma depois da morte é negada. Ela afirma que depois da morte, a alma continua a existir como um ser espiritual individual, mas num estado de repouso inconsciente. Eusébio faz menção de uma pequena seita da Arábia que tinha esse conceito. Durante a idade Média havia bem poucos dos chamados psicopaniquianos, e na época da Reforma esse erro era defendido por alguns dos anabatistas. Calvino chegou a escrever um tratado contra eles intitulado Psychopannychia. No século dezenove esta doutrina era propugnada por alguns dos irvingitas da Inglaterra, e nos nossos dias é uma das doutrinas favoritas dos russelitas ou dos sectários da aurora do milênio nos Estados Unidos. Segundo estes últimos, o corpo e a alma descem à sepultura, a alma num estado de sono que de fato equivale a um estado de não existência. O que é chamado ressurreição, na realidade é uma nova criação. Durante o milênio os ímpio terão uma segunda oportunidade, mas , se eles não mostrarem um assinalado melhoramento durante os cem primeiros anos, serão aniquilados. Se nesse período evidenciarem alguma correção de vida, continuarão em prova, mas somente para acabar na aniquilação se permanecerem impenitentes. Não existe inferno, não existe nenhum lugar de tormento eterno. A doutrina do sono da alma exerce peculiar fascínio sobre os que acham difícil acreditar na continuidade da vida consciente fora do corpo.
ESTADO DOS JUSTOS ENTRE A MORTE E A RESSURREIÇÃO
A posição das igrejas reformadas é de que as almas dos crentes, imediatamente após a morte, ingressam nas glórias dos céus. Este conceito encontra ampla justificação nas escrituras, e é bom tomar nota disto, visto que durante o último século alguns teólogos reformados calvinistas assumiram a posição de que os crentes, ao morrerem, entram num lugar intermediário e ali permanecem até o dia da ressurreição. Todavia, a Bíblia ensina que a alma do crente, quando separada do corpo, entra na presença de Cristo. Diz Paulo : "estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor", II Cor.5:8.
A CONDIÇÃO DO ÍMPIO APÓS A MORTE
As passagens que falam da condição do injusto de pios da morte não são tão numerosas quanto as que encontramos a respeito da condição do justo. Porém as que temos são suficientemente claras para que não nos reste dúvida alguma sobre o assunto.
No Evangelho de Lucas lemos: "E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado. E no inferno, erguendo os olhos, estando em tormentos, viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio (Lc.16:22-23)". E no verso 26 desse mesmo capítulo: "E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá".
São do apóstolo Pedro as palavras que seguem: "Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos para o dia do juízo, para serem castigados" (II Pd.2:9).
Além dessas passagens que acabamos de citar, temos as que já consideramos em relação à condição do justo. Estas passagens, de uma maneira negativa, apoiam as outras. Destas considerações tiramos as seguintes conclusões:
Que os ímpios no estado intermediário estão em pleno exercício de suas faculdades.
Que já estão sofrendo as dores do inferno, porque o ímpio, quando fecha os olhos neste mundo, os abre no inferno.
DOUTRINA CATÓLICA ROMANA
O PURGATÓRIO
De acordo com a igreja de Roma, as almas dos que são perfeitamente puros por ocasião da morte são imediatamente admitidos no céu ou na visão beatífica de Deus; mas os que não se acham perfeitamente purificados, que ainda levam sobre si a culpa de pecados veniais e não sofreram o castigo temporal devido aos seus pecados - e esta é a condição da maioria dos fiéis quando morrem - têm que se submeter a um processo de purificação, antes de poderem entrar nas supremas alegrias e bem-aventuranças do céu. Em vez de entrarem imediatamente no céu, entram no purgatório.
O purgatório não seria um lugar de prova, mas de purificação e de preparação para as almas dos crentes que têm a segurança de uma entrada final no céu, mas ainda não estão prontas para apossar-se da felicidade da visão beatífica. Durante a estada dessas almas no purgatório, elas sofrem a dor da perda, isto é, a angústia resultante do fato de que estão excluídas da bendita visão de Deus, e também padecem "castigo dos sentidos", isto é, sofrem dores que afligem a alma.
O LIMBRUS PATRUM
A palavra latina limbus (orla, borda) era empregada na Idade Média para denotar dois lugares na orla ou na borda do inferno, a saber, o limbus patrum (dos pais) e o limbus infantum (das crianças). Aquele era o lugar onde, segundo os ensino de Roma, as almas dos santos do Velho Testamento ficaram detidas, num estado de expectativa, até à ressurreição do Senhor dentre os mortos. Supõe-se que, após sua morte na cruz, Cristo desceu ao lugar de habitação dos pais para livrá-los do seu confinamento temporário e levá-los em triunfo para o céu. Esta é a interpretação católica romana da descida de Cristo ao Hades. O Hades é considerado como o lugar de habitação dos espíritos dos mortos, tendo duas divisões, uma para os justos e a outra para os ímpios.
O LIMBUS INFANTUM
Este seria o lugar de habitação das almas de todas as crianças não batizadas, independentemente de sua descendência de pais pagãos, quer de cristãos. De acordo com a igreja Católica Romana, as crianças não batizadas não podem ser admitidas no céu, não podem entrar no Reino de Deus, Jo.3:5. Sempre houve natural repugnância, porém, pela idéia de que essas crianças devem ser torturadas no inferno, e os teólogos católicos romanos procuraram um meio de escapar da dificuldade. Alguns achavam que tais crianças talvez sejam salvas pela fé dos pais, e outros, que Deus pode comissionar os anjos para batizá-las. Mas a opinião predominante é que, embora excluídas do céu, é-lhes destinado um lugar situado nas bordas do inferno, aonde não chegam as chamas terríveis.
CONCLUSÃO
Entendemos pelas escrituras que a alma permanece viva e consciente após a morte do corpo. Nesse estado, a alma do justo já se encontra na presença do Senhor, em um lugar que normalmente denomina-se "paraíso". O ímpio, por sua vez, já se encontra em tormentos no inferno. Tais lugares são de permanência temporária, até que venha o Juízo Final.
Após o juízo, os justos serão introduzidos no céu e os ímpios serão lançados no lago de fogo.